A verdadeira vida é espiritual, visto que todos são espíritos, embora encarnados, enquanto que a matéria é ilusória, passageira, de duração relativamente efêmera e de valor secundário. — Luiz de Souza

A Iniciativa - Por Luiz de Souza

A iniciativa está intimamente ligada ao engenho criador de cada indivíduo. O espírito é a imagem da Força Criadora, e, portanto, tem em desenvolvimento os seus atributos criadores.

A iniciativa é um impulso da Força Criadora, latente na criatura, que se manifesta em cada indivíduo com maior ou menor intensidade, consoante o grau de afloramento dessa Força.

Os espíritos encarnados, faltos de iniciativa, não têm feito uso adequado, no pretérito, desse poder latente adormecido no seu “eu”, poder que, quando estimulado, incentiva o progresso, atua no seu desenvolvimento positivo, cria novas situações de bem estar, sempre que conduzido com elevação espiritual.

A iniciativa exige ação, movimento, intercâmbio e frutificação   condição dinâmica imposta pela vida nas operações cotidianas   pois o Universo não pára o seu movimento um só instante. Assim também a mente trabalha constantemente, apenas sendo necessário coordenar o seu trabalho, orientando o, dando lhe um salutar sentido e fazendo o convergir para as iniciativas.

A iniciativa promove a circulação dos bens, do dinheiro, das utilidades, das ideias, dos conhecimentos, das ilustrações e das leis da verdade libertadora. Reter a circulação dos bens, é dificultar a evolução espiritual. Cumpre observar a parte que a cada um toca na ação conjunta de movimentar a riqueza, seja ela material ou espiritual.
Somente os dorminhocos não manifestam iniciativas. Estão, de algum modo, paralisados à margem do caminha da Vida, sem se aperceberem do cenário que passa e o tempo leva.

A iniciativa traz, não raro, aumento de encargos, maior trabalho, mais intensa atividade. Mas é sempre reconfortante vê la produzir os seus frutos e alcançar os objetivos em mira. A coroação de um êxito é uma vitória, e as vitórias fortalecem o espírito.

Os grandes empreendedores chegaram a ser o que são pela soma de vitórias alcançadas desde um passado remoto, reproduzidas numerosas vezes. Logo, é necessário que a criatura ponha em prática as suas iniciativas, sem cruzar os braços diante delas, mas impulsionando as, dando lhes vida e ação, sempre que a sua finalidade for ao bem comum.

A iniciativa bem planejada conta com probabilidade de sucesso, mas se uma ou outra não atingir o resultado esperado, não deve ser motivo de desânimo, pois as experiências também têm o seu preço. A arte de planejar depende dos recursos da experiência.

Na partilha das funções terrenas, cabe a cada um tomar iniciativas em ocasiões propícias, fazendo se, previamente, o necessário exame das conjunturas, para se verificar se a iniciativa é ou não viável. Não é necessário que se corram riscos demasiados, visto ser muito importante o fator segurança.

A ciência da Vida estabelece que as oportunidades que se apresentam devem ser aproveitadas, levando se em conta que muitas delas se revelam através das iniciativas.

A Natureza, com suas transformações, aponta uma sucessão de iniciativas reveladas no "eu" espiritual dos seres humanos. Tanto a Natureza, expressão máxima da Força Criadora, como a partícula dessa Força ¾ o espírito ¾ são; são produtores de iniciativas, cada qual na sua esfera de ação.

As iniciativas quebram a rotina estagnante, para imprimir novas forças ao cenário da vida, articulando esforços, desenvolvendo atividades e encorajando as operações humanas.

O espírito esclarecido está sempre pronto a dar de si o que tiver de melhor e, neste caso, convém conceder o devido apreço ao valor das iniciativas que ele possa produzir, desde que se volte para o lado nascente das realizações úteis.

A iniciativa deverá estribar se nos recursos da possibilidade, para que não se venha a dar o caso de se perderem numa inoportunidade, numa imprudência, os melhores impulsos renovadores.

Não é possível conceber a evolução, sem se reconhecer, por trás dela, acionando a, a mola da iniciativa. Muito se perde quando não se transmite à iniciativa o calor que ela precisa ter. Pela indolência, iniciativas de grande valor perdem a sua força realizadora.

A vida reclama um movimento dos valores concretos ou abstratos, como meio de fazer chegar ao alcance de todos os recursos adequados que cada alma aspira. Este desenrolar de atividades mais se acentua, com um maior fomento das iniciativas.

Seres de iniciativa são os que mais prosperam nas especialidades que escolheram. Em cada iniciativa que criam, nasce uma força que alimenta um novo campo de ação. Campos de ação são campos de cultivo, são áreas impregnadas de energia vital que, quanto mais extensas, mais prodigiosas se apresentam os seus resultados em favor da comunidade. Esta realidade tanto se enquadra na regência da matéria, como na do espírito.

Qualquer um demonstra ter alguma iniciativa, mas não é a iniciativa envolvida com atos rotineiros que se destaca; iniciativas como sinônimo de providências, são as que mais se acham ligadas às ações diárias. Um chamado do pronto socorro, por exemplo, é uma providência, mais do que uma iniciativa, que surge com a cena do momento. Não é essa espécie de iniciativa, adotada para um recurso imediato, que se deseja realçar neste tema.

A iniciativa pode tomar se fonte de inspiração para outras, não só objetivando o melhoramento da primeira, como dando origem a derivações da mais variada espécie. Por isso, a repercussão da primeira iniciativa pode perpetuar se de geração em geração, criando novas formas, diferentes aspectos e, de algum modo, promovendo a evolução.

As grandes iniciativas só podem partir de seres que tenham larga folha de serviços executados em numerosas vidas do passado; seres experimentados na solução de dificuldades, no aproveitamento de ideias; seres que já tenham posto em prática, com êxito, as mais aplaudidas iniciativas; seres que adquiriram confiança em si mesmos; seres cuja estrutura espiritual tenha sido enrijecida nas batalhas da vida.

Há os que se queixam dos revezes, das injustiças sofridas, das incompreensões humanas, das agruras por que passam, das dificuldades, das insuficiências e de todas as aflições que sucedem, sem levarem em conta que é por meio desse rigor nas condições terrenas, que a alma se retempera e se entrega, mais tarde, aos mais elevados empreendimentos.

Sem cabedal não há fundos para a criação de iniciativas fecundas, e certo é que esse cabedal é formado com esforço, dedicação e bom aproveitamento das vidas, ano após ano, existência após existência, quando se acumulam os créditos de cada uma delas.

O poder da iniciativa pode não atestar um grau de espiritualidade desenvolvido, porque esta envolve atributos como a honradez, a retidão, a sensibilidade afetiva, o caráter bem formado e numerosos outros, mas sendo a iniciativa, como é, um poder criador na órbita da relatividade, emana do espírito adestrado e reflete o vigor da natureza espiritual.

Vícios de negligência, indolência, ócio, irresponsabilidade, egolatria, inércia, apatia, paralisam o dom da iniciativa. O indivíduo afetado por qualquer dessas fraquezas, adota um regime parasitário e está a margem da dinâmica da vida, não comparticipando da evolução dos atos empreendedores da missão constituída.

Cumpre não adormecer diante de uma boa iniciativa que se haja formulado para o bem comum, para o estímulo de outras da mesma espécie e para a elevação do nível social. O espaço está impregnado de boas ideias, emitidas por mentes esclarecidas, que se forem captadas e convertidas em iniciativas, devem florescer e frutificar para regozijo da coletividade. Cumpre, no entanto, não exagerar as virtudes da inspiração, para nunca atribuir a forças externas as suas próprias ideias.

Com respeito a iniciativas, há, ainda, os que se fanatizam por uma novidade qualquer e passam a perseguir as pessoas conhecidas, com o desejo de envolvê las na sua rede de pensamentos obsedantes, para arrastá las ao cometimento do que engendram. São criaturas que necessitam de tratamento psíquico, na maioria dos casos instrumentos do astral inferior.

Os seres humanos possuem a mediunidade intuitiva; uns a têm mais desenvolvida do que outros, mas ela é comum a todos os indivíduos. As iniciativas afloram, não raro, através dessa mediunidade, apoiando se na capacidade operante do seu agente.
A iniciativa tem de ser sempre orientada, racionalmente, para o bem. Uma iniciativa que redunde em alterar os bons costumes, em perverter o meio social, é profundamente negativa e causadora de danos morais para o seu executor, na proporção dos males consequentes.

Realizações ou empreendimentos exigem iniciativas, pois sem elas a evolução seria estacionária. Cada indivíduo normal é uma peça do grande conjunto universal, em que as transformações se operam no sistema evolutivo. Logo, cabe a cada um, em particular, fazer a sua parte no lançamento de iniciativas harmoniosas, fertilizantes, construtivas.

A evolução de um povo depende da qualidade e da quantidade das iniciativas emanantes em seu meio. Com boas iniciativas, o padrão de vida adquire condições superiores, a abundância cobre todas as áreas, o bem estar torna se lugar comum e o espírito alimenta alegria e bom humor.

A presença da iniciativa vem revelar um exercício espiritual em ação. A tendência de quem exercita esse dom é de multiplicar as suas iniciativas, que passam a ocorrer, mais amiudadamente, face aos problemas que surgem.

As iniciativas não se originam em mentes ociosas, em quem se entrega ao desleixo, à negligência, como um indolente. Enquadrados nesse negativismo, muitos seres se desviam da rota, para a sua inferiorização.

A iniciativa nasceu com o livro arbítrio. Ela se projeta com a liberdade do pensamento. Cabe, no entanto, não só fazer bom uso do livre arbítrio, como imprimir, em todas iniciativas, o cunho de superioridade que elas requerem, para se tomarem, como devem, um sustentáculo da evolução.

A Iniciativa
Por Luiz de Souza