A verdadeira vida é espiritual, visto que todos são espíritos, embora encarnados, enquanto que a matéria é ilusória, passageira, de duração relativamente efêmera e de valor secundário. — Luiz de Souza

A Verdade - Por Luiz de Souza

A Verdade diz o que é real, o que é certo, puro e autêntico, o que é genuíno, fiel, sincero e leal. O Grande Foco abrange toda a Verdade. Onde ela está, não pode permanecer a ilusão, o fictício, o simulacro.

Neste mundo de ilusões e fantasias, onde a Verdade tem de ser procurada, predominam as falsas aparências, o que é quimérico, passando o indivíduo a viver no mar tumultuoso da dúvida e incerteza.

Ninguém pode conhecer toda a Verdade, por envolver ela a Ciência Total, em qualquer sentido, mas cada um pode conhecer parcelas importantes dela, na medida do seu entendimento, do seu saber, da sua capacidade espiritual de absorção.

O conhecimento da Verdade não é negado a ninguém que o procure, porque ela é o mais profundo manancial da Vida. Na marcha evolutiva todos vão ganhando, dia a dia, maior conhecimento da Verdade, na proporção do progresso espiritual que for manifestado.

O Racionalismo Cristão sendo, como é, uma Doutrina essencialmente espiritualista, expõe a Verdade claramente, sem subterfúgios, na divulgação dos seus ensinos. Alguns podem, de início, sentir‑se um pouco chocados com a dureza da realidade mas, diante da sinceridade dos argumentos, acabam se familiarizando com ela, e tornam‑se, por fim, fervorosos anelantes do seu conhecimento.

Diz‑se por aí que a Verdade nua e crua dói, quando é apontada, embora para fins corretivos. É assim, realmente. Mas essa dor é benéfica, cicatrizante, balsâmica, e vale a pena suportá‑la, pelo bem que faz.

Houve um tempo em que se acreditava que a Terra seria chata e que o Sol girava em seu redor. Quando a verdade resplandeceu mostrando que a Terra é quase esférica e gira em tomo do Sol, estabeleceu‑se pânico na igreja ditatorial da época. Era a Verdade contrariada e perseguida pela própria igreja!

A teoria verdadeira desse movimento, descoberta por Copérnico, foi condenada pelo "infalível" Papa Paulo V, que a declarou contrária ao texto das Escrituras Sagradas. Mais tarde Galileu, também baseado em estudos científicos, confirmou a Verdade demonstrada, anos antes, por Copérnico, e tão graves foram consideradas as suas declarações verdadeiras, que lhe valeram as maiores perseguições do clero dominante.

Em 1632, Galileu reuniu, num livro, todas as provas da Verdade encontradas no sistema de Copérnico e foi, por essa razão, condenado à fogueira pela "Santa Inquisição", só escapando desse martírio por sujeitar‑se a, de joelhos, abjurar, perante o Tribunal Inquisitorial, a sua pretendida "heresia"! Não contentes com isso, mantiveram‑no cativo, ou sob rigorosa vigilância, até o fim de sua existência terrena.

Assim registra a história a maneira pela qual tem sido perseguida a Verdade por aqueles que se diziam, ou dizem, mensageiros de Jesus!

Ainda hoje não faltam fanáticos que, como no tempo de Galileu, gostariam de poder levar à fogueira todos aqueles que denunciam a Verdade verdadeiríssima da lei das reencarnações, da inexistência de céu e inferno, da nulidade do perdão, da inverídica condenação eterna, da imutável lei de causa e efeito e de muitas outras que ofuscam a vista dos ilusionistas do sacerdócio.

Aos que gostam de sofismar, poderá parecer combate o que se acaba de relatar, mas é a história que registra o fato, e que a história revela, é para ser conhecido de todos os que desejam ilustrar o espírito sobre acontecimentos reais do passado. E lamentável que o clero se haja envolvido em casos de tão flagrante injustiça, ao condenar cientistas que revelaram a Verdade, sendo esta, como já se disse, a encampadora de toda Ciência, no sentido geral.

Neste mundo de vaidosos, presunçosos, atrevidos, déspotas, fanáticos, mal‑educados, perseguidores e perturbados, não se pode dizer sempre tudo o que interessa à Verdade com a alma aberta, porque pela falta de compreensão, ilustração espiritual e entendimento, o ódio aflora em almas aparentemente dóceis, e faz delas joguetes do astral inferior.

Uma das grandes manchas que ficaram na História, com respeito às atrocidades do clero, foi haverem queimado viva, numa fogueira, a inocente Joana d'Arc, que, segundo os clérigos, havia cometido o crime de dizer a Verdade ao revelar‑se médium auditivo e vidente, fenômeno comum na Ciência da Vida que os ignorantes tomaram como obra de feitiço.

Ninguém poderá apagar essa mácula que ficou registrada, em letras de fogo, no grande livro da vida humana. Joana d’Arc foi, apenas, um instrumento das Forças Superiores, que dela se serviram para empregar a força dirigida com o fim de solucionar um certo problema, assim como o cirurgião aplica o bisturi para resolver o caso patológico de um órgão do corpo em decomposição ou em vésperas de contaminação.

A Verdade, pois, tem sido causa de espantosas deflagrações do espírito humano, quando fortemente escudados nas suas convicções interesseiras, estribadas em nulos conhecimentos espirituais.

Nestas circunstâncias, a criatura costuma fazer um esforço desesperado para manter a capa que abriga o seu ponto‑de‑vista, e apela para todos os processos, inclusive os indecorosos, a fim de resguardar‑se na posição que lhe agrade.

As seitas e religiões poderiam dispor ‑ e já não seria sem tempo ‑ de uma parcela maior da Verdade, se os seus dirigentes estivessem dispostos a despojar‑se de muitas influências que estimulam a vaidade e lhes dão uma falsa posição na vida que lhes parece cômoda.

Assim, tais dirigentes, atendendo ao seu gosto, desfrutam, com certo aparato, de hierarquia terrena e de uma ascendência moral sobre as "ovelhas", que os colocam num enganoso pedestal de autoridade. No entanto, a Verdade é simples, despretensiosa, e, como a água cristalina, mata a sede, por igual, dos que dela se socorrem.

Ninguém pode conhecer a Verdade somente por ouvir dizer onde ela está. A verdade se revela, por si mesma, a cada um, de acordo com o anseio purificante da alma, e o esforço que fizer para alcançá‑la. Há, para isso, que ser sincero, leal, verdadeiro consigo mesmo, e de manter o desejo de encontrá‑la, para cultivar a sua espiritualização.

No Racionalismo Cristão apela‑se para o emprego do raciocínio como meio de encontrar o caminho certo, à luz da Verdade. Os ensinamentos ali divulgados são submetidos, fraternalmente, à razão criteriosa, com o objetivo de fazer com que cada um veja, com os olhos da alma, a realidade dos fatos.

A Verdade sente‑se, interiormente, com o poder da lógica, e reflete‑se, na vida por estar em toda parte, inclusive nas leis da relatividade, pois que ela própria é a manifestação dessa e das demais leis.
A Verdade Sublimada, a Verdade Universal exprime um conceito Superior, que se encontra irmanado ao Supremo Grau da Inteligência. Contrariar essa Verdade, pode não ser mentir, vulgarmente falando, porém, mais do que isso, é violar uma lei, contrapondo‑se aos seus desígnios superiores.

Quando, com novas demonstrações científicas, uma parcela maior da Verdade for publicamente revelada, de forma insofismável, os incrédulos de hoje se verão obrigados a recuar da sua pirrônica resistência, idêntica à do apóstolo Tomé, e a aceitar a vida, no seu verdadeiro aspecto.

Estão neste caso também os religiosos que se dizem cristãos e que, apegados a textos vetustos, de origem duvidosa, se recusam a participar dos novos surtos de espiritualidade.

É a verdade que, revelando novos painéis que focalizam a vida espiritual, liberta o ser das peias do materialismo. O indivíduo, nesses quadros, contempla, com a realidade desejada, o panorama que convém seja conhecido, para o seu maior desenvolvimento, sendo necessário, no entanto, não fechar as janelas da alma a essa luz, para que a sombra do desconhecimento seja removida.

Tudo quando é material tem duração efêmera, por ter de passar pelo processo das transformações, de onde se conclui que estreitar os laços do materialismo, para se prender a eles, é propositalmente deixar‑se levar pelas vagas embriagadoras da irrealidade.

A Verdade, que é eterna, está sempre em campo oposto ao do materialismo, e procurá‑la é elevar‑se acima dos gozos entorpecentes, para atingir o estado apropriado, que é o espiritual.


Na tarefa de apontar o rumo da Verdade, emprega o Racionalismo Cristão o melhor dos seus esforços, sem diminuir nem censurar ninguém por não ter seguido o curso que nas Casas Racionalistas Cristãs é ministrado. Nelas são oferecidos exemplos, argumentos, ilustrações, fatos históricos, lições oportunas e demais elementos indispensáveis ao esclarecimento.

O trabalho tem de ser lento e perseverante, e muitos são aqueles que só aos poucos, e com muito custo, poderão despir‑se das roupagens milenares do convencionalismo e do conservadorismo decadentes, pejadas de adornos condecorativos e nobiliárquicos, para se recomporem com uma leve e simples túnica branca, simbolizadora das virtudes excelsas, em que se reflete a pureza da Verdade, consubstanciada nos ensinos realmente cristãos.

A Verdade
Por Luiz de Souza
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