A verdadeira vida é espiritual, visto que todos são espíritos, embora encarnados, enquanto que a matéria é ilusória, passageira, de duração relativamente efêmera e de valor secundário. — Luiz de Souza

A Maledicência – Por Luiz de Souza

Vício dos mais perniciosos é o da maledicência, que imperceptível e sorrateiramente penetra na alma humana. Ele nasce da falta de solidariedade e do desamor entre as criaturas. A ausência de uma boa ocupação é também causa predisponente. A pobreza de assunto conduz à conversação ociosa, que vai da futilidade à maledicência.

A vibração mental que emite a maledicência - produz uma forma de pensamento derrotista, cuja influência poderá atingir a vítima descuidada, por ser o pensamento uma força poderosa.

Na maioria dos casos, a maledicência esconde, por baixo da capa, o sentimento de inveja, do despeito, da ingratidão. É um modo diverso de exercer a vingança. O indivíduo vinga se falando mal, desmoralizando, ferindo, sem que o acusado se possa defender. Há criaturas que abraçam, apunhalando pelas costas, à maneira dos tamanduás.

Aconselha se o maior cuidado com os maledicentes, que são facilmente reconhecíveis; aos olhos perscrutadores, a sua amizade não merece crédito. Dia mais, dia menos, inesperadamente, são capazes de causar dolorosas decepções. Não conhecem a lealdade, na sua forma expressiva. O maledicente não é um cristão, pouco ou nada valendo a sua filiação a qualquer classe de ideias.


Ele deve ser tratado com reserva, pois anda na linha dos intrigantes e dos traidores, e é um associado das forças do astral inferior. Os que injuriam e difamam, começaram a sua carreira criminosa como maldizentes e foram se corrompendo, nesse vício, até atingir as formas mais penosas da indignidade humana.

Cabe aos pais e aos professores combater o germe da maledicência que se manifesta na infância. As crianças precisam, por isso ter preceptores vigilantes. Nessa primeira fase da existência, a correção aos males que surgem é menos difícil. Mais tarde, depois de criarem raízes profundas, a extirpação dos males oferece resistência muito mais pronunciada, e quase sempre se tomam eles crônicos e incuráveis. O efeito mais provável é a perda da encarnação.

Muitos dão pouca importância ao vício da maledicência, não só por ignorarem o lado espiritual da vida e nada saberem sobre a força do pensamento, como por desconhecerem tudo acerca do astral inferior. Portanto, o vício da maledicência é um produto da ignorância provocada pela falta de espiritualização.

O esforço que deve ser empregado para impedir o florescimento da maledicência é da consagração espiritual, obra de grande merecimento pelo bem que promove. Só o fato de a criatura entender a razão pela qual não deve ser maledicente, já é motivo rejubilante, porque é prova de que se inicia no esclarecimento espiritual.


Num dos pontos altos do sistema educativo adotado pelo Racionalismo Cristão, está o enérgico propósito de subjugar a maledicência pelos melhores meios. No combate a todos os vícios que ali se faz, não poderia esse ficar à margem.

Em se tratando de um vício, como realmente é, a maledicência corrói a alma do seu agente, causando lhe um estrago ainda maior do que aquele que provoca em sua vítima.

O prejuízo oriundo da maledicência, que é todo de ordem Moral, não aparece à luz dos olhos físicos, mas infiltra se na estrutura invisível e atinge o cerne vital. Daí exigir cura ou restauração, e esta só se consegue numa futura volta ao mundo, em processo reencarnatório, quando uma experiência muito mais dura estará reservada ao atuante maledicente, que, por certo, perderá, então, o malfadado vício, se a experiência for bem aproveitada.

Não poderá ninguém dizer, honestamente que advertências como esta visem qualquer interesse secundário; este panorama é apresentado com lealdade, com o intuito de alertar, ajudar e contribuir para uma melhor aprendizagem na vida terrena.

A evolução é Processada por camadas humanas, tomando se necessário que os integrantes menos cuidadosos de cada camada se apresentem no sentido do desenvolvimento espiritual, para não terem os mais aplicados de esperar, embora em meio mais ameno, pelo progresso dos retardatários, até o ponto de serem estes banidos e descerem os pirrônicos, caso a outra camada de menor evolução não se esforce por acompanhar os demais da sua classe.

Guardem os maledicentes este aviso, na certeza de que todos os atos dos seres não escapam à percepção espiritual e quem mal faz para si o faz.

Os que mal procedem estão sujeitos aos mais cruéis sofrimentos, sem que as suas lamentações produzam a menor influência na sequência dos fatos preestabelecidos. A situação moral dos maledicentes é muito mais grave do que aparentemente pode ser considerada, em face do que deve esse vício ser encarado com o rigor de uma repulsa formal.

A Maledicência